segunda-feira, 2 de julho de 2012

O Fruto do Espírito Santo (Gl 5.22-23)



A primeira verdade é que o fruto do Espírito é de origem sobrenatural. Isto é evidente, porque as qualidades alistadas são o fruto do Espírito. O próprio Espírito Santo é responsável por sua produção. Eles são resultados do que o Espírito planta na vida das pessoas que ele preenche.

Também no contexto isto fica evidente, pois “o fruto do Espírito” é contrastado intencionalmente com “as obras da carne”. “A carne”, na linguagem de Paulo, geralmente não se refere à substância que recobre nosso esqueleto, mas representa a nós mesmos, todo nosso ser, aquilo que somos por natureza, decaídos, pecaminosos e egoístas. “O Espírito”, por sua vez, não é uma parte de nós, o nosso espírito, mas o Espírito Santo de Deus, do próprio Deus que mora nas pessoas cristãs e está empenhado em transformá-las na imagem de Cristo. À luz desta distinção entre “carne” e “Espírito” podemos dizer que “as obras da carne” são atos que praticamos naturalmente, quando limitamos aos nossos recursos, e “o fruto do Espírito” consiste de qualidades que o Espírito faz surgir em nós de maneira sobrenatural (porque elas estão além da nossa capacidade natural), quando colaboramos com ele.

Quando dependemos de nós mesmo, o que surge naturalmente são pecados como “prostituição, impureza, lascívia [...] bebedices, glutonaria” (v. 19,21), enquanto o fruto sobrenatural do Espírito é exatamente o contrário, virtudes como “confiabilidade, humildade, domínio próprio”. Quando agimos por conta próprio, nós nos rebelamos contra Deus e caímos em “idolatria e feitiçaria” (v. 20), porém o Espírito Santo nos conduz ao “amor, alegria e paz”. Igualmente, as obras da carne são comportamentos anti-sociais como “inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissenções, facções, invejas” (v. 20,21), enquanto o fruto correspondente do Espírito é “longanimidade, benignidade, bondade”.

Portanto, fica claro que, por natureza, todos os nossos relacionamentos são falhos. Desviamo-nos de Deus para ídolos. Desentendemo-nos com outras pessoas e vivemos em discórdia. Desculpamo-nos em vez de nos controlarmos. Viver em harmonia com Deus e com as pessoas, e manter-se sob controle, são obras sobrenaturais da graça de Deus. É o “fruto do Espírito”.  

Na verdade, este fruto (a soma de todas estas qualidades cristãs) é a melhor evidência que alguém pode apresentar de ter em si a plenitude do Espírito Santo – por causa da sua solidez e objetividade. A verdadeira prova de uma atuação profunda do Espírito de Deus em algum ser humano não são suas experiências subjetivas e emocionais, nem sinais espetaculares, mas qualidades morais, como Cristo as teve. Creio que um cristão, que alega ter tido experiências grandiosas, mas não tem amor, alegria, paz bondade e domínio de si, vai causar em todos nós a impressão de que algo está errado com suas alegações. Um outro cristão que, sejam quais forem suas experiências e dons, traz em seu caráter um aroma suave do Senhor Jesus, certamente será preferido para companhia. Isto porque vemos nele uma marca da graça de Deus em um templo do Espírito Santo.

Stott, John. Batismo e plenitude do Espírito Santo: O mover sobrenatural de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2007. p. 81,82.


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